sábado, 21 de julho de 2018

25% da população brasileira guarda dinheiro em casa


Dados apurados pelo Indicador de Reserva Financeira do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) revelam que um quarto (25%) da população brasileira guarda dinheiro na própria casa, opção arriscada por questão de segurança e negativa do ponto de vista da rentabilidade, uma vez que o dinheiro fica parado sem render juros.

O empresário J.P.F, de 77 anos, é um deles, nunca achou vantagem em colocar seu dinheiro no banco, sempre teve um cofre dentro de casa, daqueles que não se nota nem que é cofre para guardar um parte de sua renda em casa. “É uma mania minha, sempre deixo uma parte do meu dinheiro em casa, mas também tenho outra reserva no banco. Sei que é perigoso, mas também é prevenção. Vivemos em um país que passa por tantos problemas financeiros e políticos que a gente se vê obrigado a guardar dinheiro em sua própria casa. Eu e minha esposa perdemos todas as nossas economias com a aquele confisco do governo Collor. Por conta disso, deixamos uma reserva em casa para alguma eventualidade desta natureza”, explica seu JPF, que não quis se identificar por uma questão de segurança.

Durante o governo Collor (1990), muita gente perdeu suas economias por conta do confisco da poupança. O Plano Collor I determinou que os saques na caderneta ou conta corrente estavam limitados a NCZ$ 50 mil. O restante ficaria retido por 18 meses, com correção e 6% de juros ao ano. No caso dos fundos de curto prazo e do overnight (refúgio de parte da classe média diante da “inflação galopante”), o resgate era ainda mais limitado. Só poderiam ser sacados 20% ou NCZ$ 25 mil, o que fosse maior, pagando ainda tributação de 8% sobre o valor retirado.

Poupança em alta

Apesar disso, a velha caderneta de poupança continua líder absoluta entre o principal tipo de aplicações dos poupadores brasileiros, citada por 60% dos entrevistados. Outra escolha bastante mencionada é a conta corrente, modalidade usada por 18% dos brasileiros que possuem recursos guardados. Completam o ranking de principais aplicações a Previdência Privada (7%), Fundos de Investimentos (5%), CDBs (4%) e Tesouro Direto (4%).

A Caderneta de Poupança ainda é a modalidade de investimento mais conhecida pelos entrevistados: ao menos 81% das pessoas que possuem dinheiro guardado já ouviram falar a seu respeito. Em seguida aparecem os Títulos de Capitalização (48%), planos de Previdência Privada (45%), ações em bolsas de valores (39%), fundos de investimentos (33%) e o Tesouro Direto (24%).
O Indicador revela ainda que no último mês de maio apenas 16% dos brasileiros conseguiram poupar parte de seus rendimentos, como salários, aposentadorias e pensões, por exemplo. A maioria (71%) terminou o mês sem sobras de dinheiro para aplicar. E mesmo entre as pessoas de mais alta renda, o hábito de poupança revela ser algo precário. Nas classes A e B, apenas 28% dos entrevistados pouparam em maio, contra 66% que não. Nas classes C, D e E, o percentual de poupança cai para 13%. Considerando os que se recordam do valor guardado, a média foi de R$ 440,40.

Os sem poupança

Entre os brasileiros que não pouparam nenhum centavo em maio, 40% justificam uma renda muito baixa, o que inviabiliza ter sobras no fim do mês. Outros 25% foram surpreendidos por algum imprevisto financeiro e 12% que não possuem renda no momento, provavelmente por estar desempregados. Há ainda 12% de consumidores que admitiram ter perdido o controle e a disciplina sobre os próprios gasto.

O levantamento mostra que dentre os brasileiros que possuem alguma quantia guardada, o objetivo principal é se proteger contra situações de imprevistos, principalmente doenças e problemas diversos do dia a dia, citado por com 52% dos poupadores. A segunda razão mais citada é garantir um futuro melhor para seus familiares (30%), seguida do receio de ser demitido e ficar sem condições de se manter (28%). Somente a partir do quarto lugar no ranking de citações é que aparecem opções relacionadas a consumo, como realizar uma viagem (17%) e adquirir a casa própria (16%). Além disso, apenas 14% guaram dinheiro pensando na aposentadoria.

Outro dado é que 46% dos brasileiros que possuem reserva financeira tiveram de sacar ao menos parte desses recursos no último mês de maio, sendo que nas classes de renda mais baixa, esse percentual sobe para 50%. Os imprevistos foram a razão principal dos saques para 16% dos entrevistados. Outros 11% resgataram o dinheiro para pagar dívidas acumuladas e 10% para pagar despesas do dia a dia.

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