quarta-feira, 27 de junho de 2018

Oportunidades de negócios com a reciclagem do lixo


Reciclagem não é só uma ideologia de querer consertar o lixo que produzimos e com isso salvar o planeta, tem muita gente lucrando com isso. O que une responsabilidade pelas próximas gerações e dinheiro no bolso, sim, porque não? A INDAMA é uma empresa que atua no ramo de indústria, desde 1997, tendo como principal finalidade a reciclagem de subprodutos de origem animal e vegetal, destacando-se no desenvolvimento de Logística Reversa e Logística Verde.

“No inicio era Indústria de Derivados de Animais do Maranhão (INDAMA), e esse nome  consolidou-se no mercado, mas nos tiramos à parte de derivados de animais, pois passamos a trabalhar com as partes vegetais também”, lembra Rafael Pinto, proprietário da empresa que está há 21 anos no mercado de São Luís. “Na verdade nós industrializamos toda parte não comestível do gado, que recolhemos nos frigoríficos de São Luís, no caso, gorduras e ossos. A parte da gordura vira sebo bovino para a fabricação de sabão e biocombustível. Os ossos e carne viram farinha para ração de aves, no caso frangos, especificamente”, explica Rafael que entrou no ramo da reciclagem da fritura de óleos desde 2007.

A empresa foi uma das pioneiras entre as empresas no Nordeste e também em todo o Brasil  na coleta de Óleo vegetal saturado, popularmente conhecido como óleo de fritura ou óleo de cozinha, onde recolhe nos Shoppings da cidade, hotéis, bares e restaurantes, supermercados, buffets, cozinhas industriais, hospitais, escolas, igrejas, universidades, comunidades, além de parcerias com Organizações Não Governamentais (ONG’S) e programas como o EcoCemar e Ecopontos da prefeitura de São Luís.

“Se alguém entrar em contato, nos pegamos também os óleos residenciais, mas infelizmente não é nosso foco, pois trabalhamos com quantidade industrial, o grande volume esta no comércio. Então, não dá para disponibilizar dois funcionários e um caminhão de coleta para sair de porta em porta pedindo seu óleo de fritura satura. É aí que contamos com as Ong´s e centros de captação desses matérias, como a EcoCemar, do qual tínhamos uma parceria, mas por falta de recolhimento deles, deixamos de pegar lá e hoje pegamos nos Ecopontos da prefeitura de São Luis”, avisa Rafael.

Quanto aos lucros, Rafael disse que é possível sim ter uma boa renda. “É um bom lucro sim, até porque já estou neste ramo de reciclagem há mais de 20 anos. No meu caso, que já tenho um maquinário que industrializa a parte do gado, eu consigo também separar a parte do óleo também, né? Então a gente só precisou adquirir uma máquina a mais, para ampliar a nossa estrutura e processar só a parte do óleo. Ou seja, nos agregamos mais um atividade em nossa rentabilidade. Mas se fosse só o óleo, seria mais complicado.”, explica o proprietário da empresa que compra 1k de óleo por R$ 0,50 a R$ 1,00 e vende ele processado por R$ 1.50 a 2,00. No caso da carne e ossos, ele compra por R$ 0,20 o quilo e vende ela processada por R$ 0,80 o quilo.  

Mercado

Para o engenheiro de inovações da Cemar, Lucas de Paula Assunção, o mercado de empresas de reciclagem no Maranhão precisa ainda evoluir bastante, principalmente a iniciativa privada, que precisa ter um olhar para este novo mercado. “A reciclagem acontece de fato é na indústria. O papel vai voltar para à indústria de papel, o vidro para a indústria de vidro, e assim é com todos os demais resíduos. Então, os estados receptores destes materiais são estados que tem uma atividade industrial forte, como parte da Bahia e Ceará, no nordeste, e principalmente, os estados da região sul e sudeste. Então, boa parte desse material que recolhemos sai todo daqui do Maranhão”, afirmou Lucas.

Além de reduzir o valor da conta de energia para o cliente, o projeto EcoCemar, da Companhia Energética do Maranhão (Cemar), é um ponto de distribuição destes resíduos, que boa parte é doada para cooperativas e outra vendida para empresas de reciclagem. “No Maranhão, as  empresas de reciclagem são poucas e isso tem um impacto direto no mercado de compra e venda dos resíduos. Como você tem pouca concorrência, o preço dos resíduos é barato. O preço que é praticado hoje no nosso projeto de desconto na conta de luz é o mesmo preço da venda deste material. Quando houver um competitividade no mercado, o resíduo do cliente vai começar a ser disputado, e aí, no futuro, as pessoas não vão querer mais jogar seu lixo fora, porque as empresas vão querer esse material”, questiona. 

Cooperativas

O material reciclável descartado pela população de São Luís nos Ecopontos também são entregues gratuitamente às cooperativas. Isto permitiu as cooperativas uma diversificação nos seus negócios. Foi o que aconteceu com a Ascamar que agora, além de comercializar os materiais recicláveis que recebe, produz e revende produtos feitos a partir da reciclagem do óleo de cozinha recebido nos Ecopontos.

Na Ascamar funciona uma pequena fábrica de produtos de limpeza e higiene (sabão em barra e líquido, detergente e sabonete) feitos a partir da reciclagem do óleo de cozinha usado. Desde então, já foram recolhidos nos Ecopontos mais de 1.100 mil litros de óleo de cozinha usado. Com isso, a renda média bruta mensal da associação que era compreendida na faixa de R$ 6.000,00, em 2016, passou para R$ 10.500,00 em 2017.

Já a renda média bruta da cooperativa Coopresl, por exemplo, antes era de R$ 3.000,00 e cada cooperado recebia em torno R$ 300,00. Agora a renda média mensal bruta da cooperativa chega a aproximadamente a R$ 16.500,00, que equivale à renda média bruta por cooperado de R$ 1.100,00.
Segundo dados de 2010 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), se todo o lixo produzido no país fosse reciclado, em vez de seguir para aterros e lixões, poderia gerar uma receita de mais de R$ 8 bilhões por ano, oito vezes mais do que se lucra hoje, cerca de R$ 1 bilhão.

Renda bruta mensal da Ascamar
2016                    2017

R$ 6.000,00        R$ 10.500,00

Renda bruta mensal da Coopresl
2016                    2017

R$ 3.000,00        R$ 16.500,00

*Fonte: prefeitura de São Luís

Pontos para descarte de resíduos em São Luís

Ecopontos
Dez pontos da prefeitura já estão nos bairros de Fátima, Bequimão, Habitacional Turu, Jardim América, Angelim, Residencial Esperança (atrás do Atacadão), São Francisco (Ferreira Gullar), Cidade Operária (próximo ao campo do Real), Renascença II (Igreja São Paulo Apóstolo) e Anil (próximo ao Instituto Divina Pastora). Recebem papel, plástico, alumínio, vidro e óleo alimentar usado, além de resíduos de poda e capina, da construção civil, lixo eletrônico;

Ecocemar

Pontos no calhau, Cohab, Anil, Jaracati, Anil, Maiobão, Cohatrac, Cidade Operária, Anjo da Guarda, Alemanha, UEMA, Areinha, Imperatriz. Recebem: papel, plástico, alumínio, tetra-pack e óleo alimentar usado. Mais informações acesse http://falaparceiro.cemar116.com.br/=1

Ascamar

Associação de Catadores do Maranhão, situado na Madre Deus. Recebem plástico, papel, papelão, tetra pack e óleo alimentar;

CEASA
recebe papelão e plástico

Instituto Florence

Recebe medicamentos fora da validade para descarte adequado. Possuem um ponto no centro, na propria faculdade, e outro no Shopping da Ilha (3º andar junto às escadas);

Multicoisas

Recebem baterias e pilhas usadas

Americanas

recebem pilhas e baterias usadas;

Centro Elétrico

Recebe lâmpadas usadas;

CCET, UFMA

Recebe lixo eletrônico;

Supermercado Bompreço
(bairro do Olho de Água)
Recebe baterias e pilhas usadas;

Lojas O Boticário

Recebem frascos, cartuchos, potes e outros recipientes das quatro marcas do Grupo Boticário. Em determinadas datas há prêmios, como itens de maquilagem, para quem faz a entrega.

Lojas Renner

O estabelecimento têm coletores que recebem frascos de perfume, esmalte, shampoo etc. Não precisa ter sido comprado lá.

Loja Puket

Recebem meias usadas. O projeto Meias do Bem foi criado para transformar meias velhas, rasgadas, manchadas, em cobertores.

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