quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Campanha


Não foi só uma bolinha de papel

Um fragmento de um vídeo gravado pelo celular do repórter Italo Nogueira, da Folha.com, indica que o candidato do PSDB, José Serra, sofreu uma segunda agressão na caminhada que fez pelo bairro de Campo Grande, no Rio, na quarta-feira, 20 de setembro. O repórter capturou as imagens no momento em que Serra caminha para entrar no carro, em meio ao tumulto.

Depois de uma interrupção na gravação, o vídeo mostra o que parecem ser dois objetos atingindo a cabeça de Serra. Esse trecho dura cinco segundos e, após um rápido corte, a imagem da Folha.com mostra Serra com as duas mãos na cabeça, apressando o passo para entrar na van que o tirou do tumulto.

A cena ganhou importância depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse: “A mentira, a mentira que foi produzida ontem pela equipe de publicidade do candidato José Serra é uma coisa vergonhosa. Aliás, ontem deveria ser denominado o dia da farsa, o dia da mentira, porque, gente, venderam o dia inteiro que esse homem tinha sido agredido, e se vocês não viram ainda, vocês peguem o que foi divulgado no Jornal da Record ou o que foi divulgado no SBT”.

As imagens do SBT mostram claramente Serra sendo atingido por uma bola de papel, mas em um momento diverso daquele captado pelo celular do repórter da Folha.com. Compare as imagens nessa página. No início da caminhada, Serra é atingido pela bola de papel quando está de braços levantados. E apenas olha para o chão, sem colocar a mão na cabeça. Na outra, sob o som da confusão, ele está caminhando, com os braços abaixados e, logo depois, coloca as mãos na cabeça.

Confirmação - A equipe de campanha Serra confirmou que os vídeos se referem a momentos distintos. A imagem do SBT, segundo a assessoria do tucano, "foi gravada no início da caminhada, 15 a 20 minutos antes de que ocorresse o arremesso do objeto que efetivamente motivou a interrupção da agenda".

Ao longo desta quinta-feira, o tumulto protagonizado por Lula no Rio causou repercussão e serviu de justificativa para que os dois lados elevassem o tom das críticas. No início da tarde, aproximadamente no mesmo momento em que Lula fez as críticas a Serra, o tucano aproveitou uma visita a Maringá (PR) para responsabilizar o presidente pelo "clima de violência da campanha".

“Infelizmente, a atitude do presidente da República de se jogarde corpo e alma no processo eleitoral, ao invés de governar o País, e ao mesmo tempo incitar a destruir adversários como ele tem feito, só contribui para esse clima de violência". Mais tarde, em visita a Ponta Grossa (PR), voltou a comentar o assunto. Dessa vez, disse que o objeto que teria atingido sua cabeça “devia pesar meio quilo”. “Eu fui agredido ontem, e não foi nada leve, todo mundo que estava em volta viu. Coisa que inclusive me fez parar a programação de ontem”, afirmou o tucano.

Embora tenha demorado mais para entrar na troca de críticas, Dilma também aproveitou sua agenda de campanha para repercutir o episódio. “Eu não sou o Rojas para ficar fazendo firula com isso", provocou Dilma, comparando Serra com o ex-goleiro chileno Roberto Rojas, que em 1989 fingiu ter sido ferido durante uma partida entre Brasil e Chile no Maracanã. A declaração da petista foi dada em resposta ao fato de ela própria ter sido alvo de balões de água durante a visita a Curitiba. As bexigas acabaram atingindo apenas militantes que a acompanhavam. "Hoje quase levei uma daquelas bexigas de água mas não levei porque ao contrário do Rojas eu esquivei-me”, ironizou.

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