sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Reconhecimento


Papa Bento XVI promulga
beatificação de Irmã Dulce

O papa Bento XVI autorizou nesta sexta-feira, dia 10, no Vaticano, a promulgação do decreto de beatificação da freira baiana Irmã Dulce. O pontífice hoje recebeu, em audiência, o cardeal italiano Angelo Amaro, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, que havia dado voto favorável e unânime ao reconhecimento. Com isso, Irmã Dulce receberá o título de Beata e ou Bem-Aventurada e o processo de canonização já poderá ser iniciado.

Segundo o médico Sandro Barral, um dos peritos que participou do processo de análise do milagre atribuído a Irmã Dulce, a graça ocorreu em 2001, em uma cidade do interior do Nordeste do Brasil. "Foi um caso de pós-parto, onde a paciente apresentava um quadro de forte hemorragia não controlável. Em um período de 18 horas, por exemplo, ela chegou a passar por três cirurgias, mas o sangramento não cessava. Contudo, sem nenhuma intervenção médica, a hemorragia subitamente parou e a paciente passou a ter uma impressionante recuperação", explicou o médico.

Segundo relatos da época, o fim do sangramento aconteceu no mesmo instante em que um grupo de orações pedia a intercessão de Irmã Dulce em favor da parturiente. A corrente de orações foi proposta por um sacerdote, contemporâneo de Irmã Dulce, que chegou, inclusive, a enviar para a família dela um pedaço de tecido do hábito que pertenceu à religiosa - diz o assessor de Memória e Cultura das Obras, Osvaldo Gouveia.

Ainda segundo o processo, ao ser chamado ao hospital onde a parturiente estava, o médico que a atendia achou na ocasião que estava indo assinar seu atestado de óbito, já que o caso era grave. Ao chegar ao local, encontrou a mãe já recuperada do sangramento e com o bebê em seus braços. A identidade da paciente e o local do milagre só poderão ser revelados um mês antes da cerimônia de beatificação de Irmã Dulce.

A concessão do título de Beato ou Bem-aventurado é o reconhecimento de que a pessoa viveu e praticou as virtudes cristãs em 'grau heróico'. Para a canonização, é preciso o reconhecimento de mais um milagre atribuído à intercessão do beato. Um dia após o decreto papal, o processo para que Irmã Dulce se torne santa já pode ser iniciado.

O milagre validado pelo Vaticano passou por três etapas de avaliação: uma reunião com peritos médicos (que deram o aval científico), com teólogos, e, finalmente, a aprovação final do colégio de cardeais. A autenticidade do milagre foi reconhecida de forma unânime em todos os estágios. Uma graça só é considerada milagre após atender a quatro pontos básicos: a instantaneidade, que assegura que a graça foi alcançada logo após o apelo; a perfeição, que garante o atendimento completo do pedido; a durabilidade e permanência do benefício e seu caráter preternatural (não explicado pela ciência).

"O milagre apresentado no processo foi examinado por especialistas do Brasil e de Roma. Um reconhecimento que vem mais uma vez confirmar a vida de virtudes de Irmã Dulce, que teve trajetória com total dedicação aos pobres e doentes", afirmou Dom Geraldo Majella Agnelo, cardeal arcebispo primaz do Brasil.

A causa de beatificação de Irmã Dulce foi iniciada em janeiro de 2000. Os teólogos que estudaram a vida e as obras da freira a definiram como a "Madre Teresa do Brasil", pelas semelhanças do seu testemunho cristão com Madre Teresa de Calcutá. Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, a Irmã Dulce, nasceu em 26 de maio de 1914, na cidade de Salvador.

Chamada pelo escritor e devoto Jorge Amado de Santa Dulce da Bahia, a freira comoveu a Bahia em seus 77 anos de renúncias e dedicação aos pobres. Desde o dia 13 de março de 1992, data de sua morte, o número de graças concedidas pela intercessão de Irmã Dulce tem se multiplicado em todo Brasil.

Batizada de Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, a professora de história e geografia resolveu homenagear a mãe, que morreu quando ela tinha apenas 6 anos, ao se ordenar freira da Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, em Sergipe, aos 20 anos. Dali em diante, ela seria conhecida, e cultuada, como Irmã Dulce.  A dedicação aos necessitados começou bem antes de seu ingresso na vida religiosa. Aos 13 anos, após conhecer uma comunidade carente na companhia de uma tia, Irmã Dulce começou a ajudar aos necessitados na porta de sua casa, em Salvador.

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